Dia Mundial Sem Carro

Acordei hoje um pouco mais feliz, não que eu estava triste, é bom esclarecer, eu estava feliz, mas agora estou mais. Hoje é um dia significativo, principalmente em relação ao trânsito, hoje é o dia mundial do transporte não automatizado. Descobri isso às 4 da manhã quando deram a notícia no rádio, bem… o leitor pode bem perguntar se eu sofro de insônia, ou que possuo hábitos noturnos, isso não é verídico, diga-se de passagem que aprecio muito o sono, enfim, algum cidadão dormiu com o rádio alto o suficiente para me acordar às 4 horas da madrugada. Geralmente estes fatos, principalmente em pessoas sanguíneas são o suficientes para acabar com qualquer possibilidade de bom humor durante o restante do dia. Porém, contudo, todavia, nada aconteceu comigo, reparei ao esperar o ônibus para trabalhar, às vezes nessa hora inicial de nossos dias somos expostos ao estresse do trânsito, eu, porém, estava muito bem humorado.

Teoricamente, quando chega o dia mundial do transporte não automatizado o trânsito fica mais fluente, as pessoas deixam seus carros em casa e pegam suas bicicletas, o metrô é gratuito, e tudo mais. Pelo menos em algumas cidades é assim, Londres, por exemplo, mas aqui onde moramos, além de alguns hippies andando de bicicleta na altura do parque da cidade, não notei nenhuma diferença no trânsito.

Mas esta não é uma crônica sobre a realidade da situação do tráfego nas metrópoles brasileiras, vários cronistas devem hoje estar escrevendo justamente sobre este tema, clichê. O trânsito na verdade foi o meu motivador, e é bem verdade, graças ao trânsito, e em grande parte à notícia, pude refletir sobre o que me faz feliz.

Ontem foi um dia não muito diferente de outros dias, fiz alguns programas que costumo a fazer, coisas do tipo assistir filme, tomar um guaraná Jesus. Aqui gostaria de fazer um parêntese linguistico, ninguém fala refrigerante Jesus, ou refri Jesus, mas tão somente guaraná Jesus. O leitor provavelmente se não for oriundo do Maranhão dificilmente conhecerá esta marca de refrigerante. Voltando… Estas são coisas que gosto de fazer. Ter uma boa prosa, e, no intervalo, por que não jogar uma partida de Winning Eleven, parêntese somente para as mulheres, ( winning eleven é um afamado simulador de futebol em video-game).

Todas essas coisas são hábitos que gosto, mas será que são hábitos que me preenchem? Eis aqui uma indagação interessante. Ora, já dizia o sábio, ou um dito popular, não sei certo: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa totalmente diferente.” Coisas que gosto e coisas que me preenchem são muito distintas. Na presente reflexão, posso analisar o meu dia de ontem e fazer claramente esta distinção. A companhia de ontem era diferente, não era simplesmente fazer o que eu gosto, mas por algum instante, estar quase em outro tempo e outro espaço, no qual os problemas parecem não poder nos atingir, nem as preocupação alcançar nossas mente. Preencher é mais ou menos isto. Um evento que ainda no outro dia gera seus efeitos.

Alguns amigos nos preenchem, uma pessoa em especial pode nos preencher, gosto muito de estudar, mas isso não me preenche, gosto muito de futebol e de tantas outras coisas, mas elas não me preenchem, o fazer coisas que gostamos não é a chave da felicidade, a chave da felicidade, é encontrarmos dentre as coisas que gostamos as que nos são essências, o como delas, e o porquê. Talvez, por isso, tantas das pessoas que estavam no mesmo ônibus que eu, muitas com crachá do Ministério da Justiça, acredito que a remuneração seja alta, não pareciam felizes, todavia eu estava muito feliz.

Às vezes me desgasto, não minto quanto a isso, mas depois de uma semana super estressante nada me faz mais feliz do que minhas atividades voluntárias. Aos poucos vou me conhecendo e aos poucos diferenciando as coisas que gosto das coisas que me preenchem. Assim evoluo na felicidade, de toda forma até agradeço ao cidadão que esqueceu o rádio ligado, me fez perceber algumas coisas. Ainda não encontrei o como nem o por quê, entretanto não necessito de pressa nestas coisas, afinal hoje é o dia mundial dos sem carro, não é, quero mesmo é caminhar pela rua, observar este instante bom, e neste momento oportuno aproveitá-lo da forma mais sadia e benéfica possível.

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