Futebol e política tudo junto e misturado

Mais uma crônica. Geralmente crônicas possuem suas motivações em fatos negativos, dessa vez por que seria diferente? É realmente muito triste que o Brasil tenha perdido na Copa América de forma tão lamentável, tendo várias oportunidades de gols, e pior desperdiçando quatro pênaltis. Entretanto perder um jogo de futebol não é pra tanto. NÃO É PARA TANTO? Aqui está a grande dicotomia da sociedade brasileira, aqueles que se interessam de forma privilegiada pelo principal esporte do país e aqueles que não. Deparei-me após o jogo com o twitee crítico do Senador Cristovam Buarque “Fala sério:você sente mais vergonha pelos pênaltis perdidos,ou por perdemos para o Paraguai na alfabetização?”

De repente como tudo se fizesse claro em minha mente, uma epifania: o Brasil é o futebol. Ou melhor: O futebol é o Brasil. Não sei direito, talvez os dois. Não entrarei tantos no mérito do twitee do senador. Mas observe, caro leito, a situação da nossa atual seleção de futebol nos últimos anos. Bem, antes de explicar melhor isso, gostaria de tomar um pouco a defesa deste esporte. De uma forma geral, as sociedades, as pessoas e principalmente os países se organizam sobre mitos, isso mesmo, sobre mitos. Por exemplo, um país para reafirmar a sua hegemonia política faz o possível para também demonstrá-lo no esporte, e assim podemos ver o crescimento exponencial da China em diversas modalidades. Desta forma, uma das maneiras do Brasil demonstrar a sua força é através do futebol, por isso o incentivo e a visibilidade deste esporte. Lembro da minha primeira bola, que tenho até hoje, diga-se de passagem, ganhada aos meus dois anos de idade. Assim como me lembro da primeira vez em que vi uma multidão na rua, foi na quando o Brasil ganhou a copa do mundo em 94.

Dada esta introdução posso agora esclarecer um pouco as coisas, sendo o futebol um símbolo importante da cultura brasileira, e aqui não cabe se isso é bom, tratemos apenas dos fatos. Voltando, será que essa derrota não tem muito a nos falar? E dizer que, enquanto uma projeção esportiva, o que é a nossa própria nação? Acredito que sim. Então nesse sentido futebol, política e cultura se explicam um ao outro, em termos. Se bem que com essa invasão de ex-jogadores de futebol na política não poderia ser muito diferente mesmo.

Tanto politicamente como no futebol passamos por um momento de crise, se bem que na política ainda é pior, uma vez que sempre estamos em crise. Podemos então, falar do ponto de vista econômico para exemplificar. Mas antes vale definir crise, e gosto da definição chinesa, o kanji, aqueles desenhos que na verdade são letras de um dos alfabetos chineses, que representa crise é composto por outros dois, o de perigo e o de oportunidade. Não deixa de ser verdade. Toda crise corresponde a uma situação de perigo aliada a uma possibilidade de crescimento em alguns aspectos, para comprovar isso é só observarmos a situação das lideranças européias no pós segunda guerra.

Pois bem, e o que o futebol tem a ver com isso, e o que isso tem a ver com economia, ou com política, ou com alguma coisa que faça de fato sentido? Calma, a paciência é uma virtude, mas não vou exagerar também.

Passamos recentemente uma crise global econômica, o Brasil foi apontado como um dos países que poderia suportar bem a crise, eis que surge então a oportunidade de nos afirmamos no MERCOSUL como economia forte e sólida, eis que surge então uma oportunidade de nos destacarmos no BRIC e o tempo passa e isso não aconteceu. Tivemos tudo para marcar um gol, que não marcamos. Por algum motivo, e aqui não quero eleger culpados, descrevo fatos.

Se os jogadores da seleção pousam de astros internacionais ao bater um pênalti, os nossos políticos mais ilustres fazem o mesmo. Da mesma forma que os jogadores aparecem nos jornais com jogadas e dribles brilhantes, os nossos políticos aparecem nos mais prestigiados jornais do mundo como os mais influentes. Eles são os caras.

Perder chances claras de gols é o que acontece todos os dias quando pagamos taxas altas de imposto que são usadas de forma inadequada. Com nossa carga tributária temos uma grande, grande chance de investirmos em infraestrutura em educação, relembro o twitee do senador, mas escolhemos a opção errada, e erramos o alvo. Por exemplo, só para ficar mais claro, abre se inúmeras vagas para o ensino superior, mas não se investe em infraestrutura. Financiam o ingresso em instituições particulares, e sucateia-se as públicas. As opções de energia ultrapassadas como a Belo monte, políticas paliativas e populistas que garantem voto mais não autonomia. E sobre isso refletiremos, eu e você leitor, em outra oportunidade, é lógico se você quiser, com mais calma e minúcia.

Estamos aproveitado os bons momentos após a crise, acho que não. Tanto no futebol, pois saímos da crise da era Dunga, tivemos oportunidade de aproveitar várias vezes no último jogo, mas não conseguimos. Não conseguimos aproveitar as oportunidades e fazer uma pressão para que o fincha limpa fosse aplicado, mesmo mediante a oportunidade dada ao peso dos escândalos de corrupção.  Talvez e esteja fazendo um juízo equivoca e tenha me precipitado, tire suas próprias conclusões. Mas sou a favor de uma reflexão do momento histórico, e se o futebol for mesmo um simulacrum do país ainda temos chance, pois vejo lá no fundo um pouco de vontade.

 Na verdade, não podemos e não devemos generalizar nem no futebol, nem na política, existe alguém lá que quer fazer a diferença. Assim espero, o que me preocupa é perdermos as grandes oportunidades, e como diz um grande compositor, “a primeira vez é sempre a última chance”, quero discordar, quero discordar, mas desconfio de que ele possa estar certo.

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